Algo
brilhante e que tem mobilidade foi visto em um dos mares de Titã.
A maior
lua de Saturno, Titã, está sendo bastante comentada ultimamente. Há pouco
tempo, foi encontrada uma pequena quantidade de propileno (material do
plástico) na baixa atmosfera de lá. Além disso, ela tem recebido muitas
atenções por conta de ser muito parecida com a Terra, tanto que os cientistas
da NASA já apresentaram até um mapa topográfico de lá.
Titã está
envolta em uma atmosfera densa e dourada, composta principalmente de
nitrogênio, que é uma reminiscência de uma Terra primitiva e tem um extenso
sistema de lagos, mares e rios cheios de etano e metano líquido.
Alvo de
grandes observações, esse que é o maior satélite natural do planeta dos anéis
(e segundo maior do Sistema Solar) guarda agora mais um fato curioso que veio à
tona nas últimas semanas. Tudo porque alguns astrônomos observaram um objeto
estranho e brilhante em sua superfície, mais especificamente em um dos mares
dessa lua, batizado de Ligeia Mare.
Navegando?
Para chegar à descoberta, os astrônomos analisaram
imagens obtidas pela sonda Cassini, da NASA, no ano passado e observaram esse
ponto brilhante. Porém, o que intrigou mesmo os cientistas foi que esse objeto
nunca havia sido observado nesse mar em outras imagens captadas antes de julho
de 2013 e ele desapareceu novamente depois de alguns dias.
Embora os
cientistas não tenham certeza de sua identidade no momento, eles especulam que
poderia ser um vislumbre de processos geológicos dinâmicos que ocorrem no
hemisfério norte de Titã.
O objeto
brilhante tinha cerca de vinte quilômetros de comprimento e dez quilômetros de
largura, sendo localizado a cerca de dez quilômetros ao largo da costa sul. Ele
estava presente em uma imagem tirada no dia 10 de julho de 2013, mas ele tinha
desaparecido em um conjunto de dados posteriores vistos em 26 de Julho.
Além disso,
antes da observação de 10 de julho, o Ligeia Mare estava totalmente calmo e
desprovido de ondulações. Com isso, os cientistas excluem que a tal “mancha”
observada possa ser devida a erros no equipamento de imagem e estão quebrando a
cabeça para com ideias sobre o que poderia ser.
Possibilidades
É claro
que para os mais entusiastas da existência de extraterrestres(assim como eu) já têm a
suposição deles na ponta da língua: Aliens.
Mas, aparentemente, não é o caso. O Hemisfério Norte de Titã está passando por
uma transição da primavera para o verão, o que poderia ser responsável pelo
objeto brilhante e passageiro. Tendo essa possibilidade como base, a equipe
propôs quatro hipóteses que eles acreditam que poderia explicar o fenômeno.
A
primeira ideia é que as ondas podem estar sendo captadas devido à transição
sazonal. Se este for o caso, então a imagem seria a primeira observação de
ondas de águas profundas nesta lua. O clima mais quente traz consigo ventos
mais fortes, portanto, é possível que, como o Hemisfério Norte começa a aquecer
os ventos, eles aumentam consideravelmente as ondas no mar.
Um dos
astrônomos que estuda o fenômeno, Jason Hofgartner, disse ao The Guardian que é uma boa possibilidade. No
entanto, ele ainda não acredita que os ventos seriam fortes o suficiente para
produzir ondas tão substanciais.
Outra
hipótese é que talvez seja uma parte do material sólido que é suspenso no mar
ou material congelado que começou a subir para a superfície com o aquecimento
daquele hemisfério. Por último, também é possível que possa haver um aumento de
gás liberado a partir do fundo do mar que subiu para a superfície na forma de
bolhas.
"Provavelmente,
vários processos, tais como diferentes ventos, chuva e marés podem afetar os
mares de metano e etano em Titã. Queremos ver as semelhanças e diferenças entre
os processos geológicos que ocorrem aqui na Terra", disse Hofgartner em um
comunicado à imprensa. "Em última análise, ele vai nos ajudar a compreender
melhor os nossos próprios ambientes líquidos aqui na Terra", completou.
Planejando um retorno
Os
cientistas estão tão fascinados pelas descobertas de Titã, que planejam
retornar em breve para verificar esse e outros aspectos dessa lua.
"As
observações com radar da Cassini estão perto do limite de sensibilidade difícil
de interpretar. Mas elas parecem ser o primeiro sinal de alguma coisa
acontecendo naquele mar. A única coisa que podemos dizer com certeza é que
temos de voltar a Titã, mas, da próxima vez com uma sonda flutuante, para que
possamos ver de perto o que está acontecendo nos mares deste lugar
incrível", disse Hofgartner.
Em março
desse ano, alguns dos pesquisadores que trabalharam com Hofgartner informaram
que observaram vislumbres de ondas pequenas em outro mar de Titã, chamado Punga
Mare. Além disso, os instrumentos a bordo da Cassini registraram que a luz
solar refletindo no mar era mais brilhante do que o esperado em alguns lugares,
um efeito que pode ser causado pelo bater das ondas na costa.
A NASA
até brincou com a ideia de enviar um barco para navegar nos mares de Titã, mas
a proposta perdeu para uma missão a Marte. Porém, ainda há esperança de
explorar a lua de Saturno com duas outras missões da Agência Espacial: com um
balão ou um drone que mapearia superfície; ou lançar um submarino em outro mar
do satélite: o Kraken.
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